Psicologia para Mulheres Maduras | Menopausa

A importância de Pausar

A importância de Pausar

A palavra Menopausa, alude ao fim. Mas prefiro pensar que a pausa aqui nos remeta a um novo começo. É o momento de parar para poder seguir. E como “pausar” é difícil. Ainda mais pra nós mulheres, que nos orgulhamos tanto de dar conta das multitarefas, do trabalho, dos filhos, do marido, dos pais, da casa, dos outros…
Nós que vemos no descanso uma culpa, e nos sentimos poderosas afirmando sempre que não podemos parar, não temos tempo pra isso. Sempre tão cheias de coisas pra fazer, pra dar conta, pra aguentar.
A pausa nos remete a uma espécie de fraqueza, um tipo de incapacidade, soa meio que incompetência. E depois de anos e anos seguindo como loucas sem nos permitir parar, pelo menos um pouco, eis que a hora chegou, ainda que não se admita, ainda que se negue ou se omita o desconhecido instalado em nós.
A pausa nos assusta. Ela nos deixa sem ação, logo nós que sempre sabíamos o que e como fazer, que tínhamos as respostas prontas, as rotas traçadas, todos os mapas e planos “b”, todas as receitas e fórmulas guardadas no fundo da gaveta. Agora nos sentimos estranhas, meio cansadas e confusas, talvez se tivéssemos pausado antes, ou pausado mais… Agora nos vemos menos solicitadas, menos requisitadas, menos disponíveis e dispostas e nos sentimos menos infalíveis e importantes.

Trocamos o frio pelo calor, a alegria pela inconstância de humor, as curvas, por uma estrada longa e desconhecida que somos obrigada a seguir, agora sem rota, sem plano, mas com muita, muita bagagem de coisas que talvez nem nos sirvam mais. Por isso antes de seguir, precisamos parar. Querendo ou não, precisamos respirar fundo e aceitar essa pausa, pausa aqui entendida como um momento de parada temporária e não encerramento, fim. Uma pausa para rever a própria vida e o que se quer dela daqui para frente. Talvez este seja o maior dos desafios desse momento, pausar.
Pausar para recuperar o fôlego de anos e anos de uma vida dedicada aos outros, abrindo mão de si mesma, deixando seus objetivos, seus desejos sempre para depois, a pausa é para rever, adquirir condições para conquistar novos espaços, desbravar novos mundos, fazer outros planos… Pausa para buscar o que realmente será necessário nessa nova fase da vida.
Pausar para avaliar com clareza o que se pode ou se deve deixar para traz, o que não vai fazer falta, o que não acrescenta, mas pesa na mala para essa viagem, pra esse novo e inevitável ciclo de nossas vidas.

A pausa é pra avaliar os sofrimentos, celebrar as conquistas, comemorar as vitórias, se prender ao necessário e extremamente imprescindível pra nós. É para saber exatamente do que não podemos abrir mão, nem ficar sem e do que realmente sentiremos falta.
A pausa é o tempo gasto para limpar a sujeira escondida durantes anos embaixo do tapete, curar as dores, as feridas, para poder aproveitar plenamente as alegrias do novo começo. Para ir leve, sem desconforto da roupa apertada que não nos serve mais.
Pausa para o banho que lava a alma, que limpa as sujeiras e amarguras do que não importa, pausa pra seguir sem peso desnecessário e com bastante espaço para o que de bom está por vir.
É a pausa necessária entre o primeiro e o segundo ato, a pausa para ir rapidinho ao banheiro, esticar as pernas, comer alguma coisa, se livrar de qualquer tipo de desconforto que possa impedir a absorção e o pleno aproveitamento do que ainda virá, sabendo que não haverá volta nem repetições.
A pausa é a paradinha estratégica no único posto da estrada, quem resolver seguir sem ela, pode correr o risco de ficar sem combustível e sem forças para ter que empurrar o que nos levará adiante. A pausa para lavar o rosto e espantar o sono, precisamos estar muito atentas, ligadas, espertas e acordadas para poder identificar e eliminar tudo que não queremos mais. Tudo que nos incomoda, subestima, impede e limita.
A pausa é a hora exata de recuperar todas as forças até nos sentirmos prontas pra recomeçar, pra voltar pro jogo. Não temos mais tempo pra passar batido. Agora é a rodada final, no mamo a mano, sem parceiros, sem sinais, sem coringas, sem blefes e nem cartas na manga.
Pausa para saborear curtindo e reconhecendo cada gosto, novo ou antigo, desejado ou reprimido. Chegou a hora de aproveitar tudo a que temos direito. Direitos adquiridos com muita dedicação, muita paciência, muito choro engolido, muita dor disfarçada, muita coragem forjada, muita alegria mascarada, muita inteligência subjulgada e muitos sonhos ainda por realizar.

De coadjuvantes passamos a protagonistas da nossa própria história. Somos a autora, a expectadora fiel, que torce pelo final feliz, mas que acima de tudo trabalha pra isso. Assumindo a responsabilidade por suas escolhas, resolvendo os desafios, lidando de forma madura e adequada com o inesperado das situações difíceis e ainda se surpreendendo com o que é capaz de desejar. Entusiasmada, empolgada, eufórica e orgulhosa de tudo que ainda pode construir a partir de onde está e com o que ainda tem.
Mas para que seja possível assumir o comando, pegar forte no leme, e definir uma nova direção é preciso traçar um novo plano, desenhar um novo caminho, tomar outro rumo . Dar o primeiro passo que nos tira de uma vez de onde estamos ou de onde estivemos por tanto tempo. E é ele “o tempo” que nos impulsiona pra essa inevitável e assustadora travessia.
Por tudo isso pausem. Pausem sim!! Pausem o tempo que precisarem. Pausem até se sentirem aptas a apertar o “play” que dará início a uma nova versão de si mesmas, a uma nova história, a novos objetivos e desejos, outros papeis, outras conquistas.
Pausem até se sentirem preparadas pra essa viagem sem volta, para atravessar essa ponte que nos levará a um novo lugar dentro de nós, do qual não podemos mais fugir.
“Pause” enquanto isso for uma escolha sua e não uma imposição dos outros, da vida, do tempo que não volta e de suas prováveis limitações.