A grande dificuldade da maioria das mulheres nessa fase da vida é de acreditarem que podem viver sozinhas e por elas mesmas. Isso acontece porque desde muito cedo, aprendemos que a felicidade da mulher está diretamente relacionada, e de certa forma condicionada a presença de outras pessoas, seja através do casamento ou da maternidade. Como se fosse impossível a mulher ser verdadeiramente feliz sem vivenciar uma dessas possibilidades.
Crescemos tendo limitada nossa condição de cuidar de nós mesmas, enquanto somos cobradas a dar conta dos outros. O que impacta diretamente a nossa autoestima e nos coloca na condição de impotentes frente as nossas necessidades. Muitas vezes, ocupamos no casamento a semelhante posição de subordinação que vivíamos em relação aos pais. Continuamos sendo invalidadas e desencorajadas a nos aventurar em projetos só nossos, a bancar as nossas vontades e assumir a responsabilidade por nossas escolhas.
Todas essas questões justificam nosso medo de mudar de vida na maturidade, quando nos damos conta daquilo que nos desagrada e que não nos satisfaz mais. Apesar de sabermos exatamente o que nos incomoda e nos faz infeliz, não conseguimos por fim em situações e relacionamentos porque não nos consideramos capazes de seguir sozinhas. Nos sentimos limitadas, covardes e presas, o que diminui ainda mais a nossa autoestima, colaborando para a negativa concepção que temos de nós mesmas e reforçando nossa sensação de incapacidade e incompetência diante dos nosso desejo de recomeçar.
Outra questão a ser considerada é que mudar pressupõem muitas perdas, além dos desafios e da coragem para abandonar a chamada “zona de conforto”. Mudar nos obriga a deixar para trás muitas coisas que ainda são importantes e que mantém aquilo que ainda julgamos necessário para nossas vidas. Precisamos estar realmente decididas para abrir mão de coisas que podem nos fazer falta, preparadas para bancar nossos desejos e pagar o preço pela nossa liberdade.
